segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Pará é o terceiro no mapa da fome
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou na semana passada mais um preocupante índice sobre a realidade social do Pará: o grau de insegurança alimentar da população paraense está entre os piores do Brasil, ficando atrás apenas dos baixos níveis do Maranhão (31,2) e do Ceará (23,9). O Pará e o Piauí estão em terceiro lugar, com 22,7%, quando se leva em consideração as formas mais agressivas da insegurança alimentar.
Os dados constam no suplemento da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2009 sobre Segurança Alimentar. A média brasileira daquilo que se chama de ideal para o país, a Segurança Alimentar, ou seja, quando os moradores do domicílio têm acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, é de 69,8%. No Pará, este índice é de 56,8%.
Mesmo sendo o Pará um estado farto em riquezas minerais e em recursos hídricos, em 11,8% dos domicílios há privação de alimentos, ou seja, as pessoas responderam que chegaram a passar fome recentemente. Em outros 10,9% dos lares paraenses pesquisados, os moradores responderam que não tiveram dinheiro suficiente para comprar os alimentos necessários para a família.
Em 2009, pouco mais da metade da população do Pará (56,8%) informou que havia tido acesso à quantidade e qualidade suficiente de alimentos. No entanto, em 43,2% dos domicílios, os moradores responderam que não havia alimentação saudável e em quantidade suficiente assegurada.
Neste extrato de comparação, há uma clara referência à distância social entre o Norte e o Sul do País. Em 2009, o estado de Santa Catarina, por exemplo, continuou com o maior percentual (85,2%) de domicílios que tinham garantido o acesso à quantidade e qualidade suficiente de alimentos para seus moradores. O Rio Grande do Sul, após um aumento de 5,5 pontos percentuais em relação a 2004, foi o que apresentou o segundo maior percentual (80,8%), seguido pelo Paraná (79,6%).
Todos os estados do Nordeste registraram proporções inferiores à média nacional (69,8%), sendo que o Maranhão (35,4%) e o Piauí (41,4%), sequer chegavam à metade dos domicílios com alimentação saudável e em quantidade suficiente assegurada.
NORTE E NORDESTE
Os dados do PNAD mostraram que cerca de 65,5 milhões de pessoas – 34,2% da população - em todo o Brasil vivem em situação de insegurança alimentar, sendo que 11,2 milhões de pessoas chegaram a passar fome. A situação é mais grave no Norte e no Nordeste.
O estudo mostra que ocorreu uma diminuição de 30,2% nos índices de insegurança alimentar nos domicílios brasileiros em relação a 2004. No Pará e no resto da região Norte, também ocorreu redução. “Os dados mostram que houve queda significativa nos índices de pobreza em todo o país, principalmente nas populações do Norte e do Nordeste. A vida de quem é mais pobre no Brasil melhorou recentemente, e isto é inegável”, falou ao DIÁRIO o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento Social, Rômulo Paes Sousa.
Ele ressaltou que a média de segurança alimentar da região Norte que era de 53,6% em 2004 e subiu para 59,7%. “Esses dados são consistentes, principalmente quando se observa a queda acentuada na insegurança moderada e grave na região”, destacou o secretário. No período, somando as duas formas (moderada e grave), ocorreu uma redução de 6,7% no Norte.
Rômulo Paes acentua, no entanto, que há uma população vulnerável na região, principalmente no Pará, em função da atividade produtiva e do isolamento geográfico. “No Pará, lidamos com um grande número de populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas, entre outras situações diferenciadas que precisam ser trabalhadas. Mas há um conjunto de vulnerabilidades que não se resolvem somente com dinheiro do Bolsa Família” admitiu.
O programa Bolsa Família atende atualmente 674.681 famílias em todo o Estado do Pará, embora estejam cadastradas 640.605 famílias pobres. Em todo o país, são 12,6 milhões de famílias assistidas. O benefício pode variar de R$ 22 a R$ 200. (Diário do Pará)
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